Pe Osnildo Carlos Klann, scj

Desde 2007, o padre Osnildo realiza sua missão dehoniana na República Democrática do Congo e, através de reflexões, notícias e informações, partilha suas experiências missionárias.

Para entrar em contato, escreva para ocklann@yahoo.com.br

quinta-feira, 27 de março de 2008

Comissão Missionária BC

Estimados confrades formadores

Dia 24 foi o aniversário de batismo do nosso fundador, Pe. Dehon. Ante-ontem tivemos o aniversário da aceitação da missão no Congo em 1897. Estes dois fatos me dão motivação para escrever hoje para as nossas casas de formação sobre a animação missionária.

A missão do Congo é a mais antiga da Congregação e talvez também a mais carente de ajuda financeira e de pessoal até o dia de hoje, “uma verdadeira missão”, como escreveu Pe. Dehon no seu último caderno do Diário: “A 6 de julho de 1897: primeira partida para as missões do Congo, que foi a obra mais importante da Congregação, entre todas as nossas obras de apostolado”(p. 64). Sendo fundador de uma congregação o interesse de Pe. Dehon era muito acertado em enviar religiosos para as missões. Isto sempre significa desafio mas também oportunidade de deslanchamento, pois quem se abre para às necessidades do mundo inteiro tem dentro de si todas as oportunidades de desenvolvimento e crescimento. Ou seja, quem dá espaço para o altruísmo rompe todas a raízes do egoísmo e não há conversão maior do que esta. Dizia ele: É evidente que o Sagrado Coração de Jesus será melhor honrado, se o zelo pela sua glória se exerce em condições difíceis, como nas longínquas missões. Cumpre-se então um ato de abnegação que é grande prova de amor para com Nosso Senhor”(LC, no. 162).

Pe. Dehon se preocupava muito em cultivar as vocações missionárias. Isto ele demonstrava quando escreveu para Pe. Adriano Guillaume, em dezembro de 1910: “Poderíamos fazer muito pela alegria de Nosso Senhor e da Igreja, se tivéssemos mais missionários no Congo, no Canadá, etc... Procurai muitas vocações, fazei realmente os vossos garotos rezar com esse objetivo”(PPD, 448). Em julho de 1919 expressa seu grande sofrimento pela escassez de vocações missionárias, por causa da primeira Guerra mundial e reconhece que existe um clima propício para vocações missionárias: um bom número dentre nós deseja levar o amor do divino Coração às terras infiéis”(PPD,395) .

Em 1922 falando das exigências de pessoal qualificado para as missões: “Rezai pelo nosso recrutamento: as nossas missões exigem muito pessoal! Não queremos só o número, mas sobretudo o fervor e a generosidade”(LC, n. 287); e em dezembro de 1923: “trabalhemos corajosamente pelas nossas missões e recrutemos muitos missionários(LC, p 295).

Como dizia Pe. Osnildo Klann em sua carta de 17 de outubro do ano passado(2007), escrevendo da África, desde que foi celebrada a primeira missa no Congo em 25 de dezembro de 1897 até aquela data, por lá tinham passado 410 missionários estrangeiros. Ele escrevia: “A missão que Pe. Dehon tanto amava e pela qual lutou muito, sofreu ao longo de sua história, teve momentos difíceis: no início, as doenças ceifaram muitas vidas jovens de religiosos missionários, que para aqui vieram cheios de entusiasmo, para evangelizar esses povos”.

Demorou muito para a missão do Congo conseguir razoável número de vocações autóctones. Neste processo os missionários brasileiros tiveram especial participação. Hoje a situação é promissora: “São 90 religiosos: 41 padres, 3 diáconos, 3 irmãos e 43 religiosos de votos temporários (estudantes de filosofia, teologia e estagiários)”dizia Pe. Osnildo.

Além de Pe. Osnildo Klann temos lá no momento outros missionários brasileiros: Pe. Mateus Buss, Pe. Vilson Hobold e Pe. Joaquim Tomba.

Destaque na história da missão do Congo deve ser dado a Pe. Grison, que antes tinha estado no Equador e de lá foi expulso com Pe. Gabriel Lux. Pe. Dehon precisando dele e de Pe. Gabriel e lhe dizendo que a missão no Congo seria muito difícil, ele respondeu: “Nada é difícil; vós nos mandais, nós obedecemos. Isso basta.”(cf Philippe, Souvenirs, II, 3). Pe. Grison tinha 37 anos quando chegou ao Congo em 21 de setembro de 1897. Se instala às margens do Rio Congo, próximo a atual Kisangani e inicia a Missão de São Gabriel em cuja capela 83 anos depois iria rezar o Papa João Paulo II na visita que fez ao país.

Pe. Gabriel Lux depois de um mês adoeceu gravemente e teve de voltar para a Europa. Mais tarde Deus precisou dele para iniciar outra missão, no sul do Brasil, cuja história a nos é mais conhecida. Naqueles inícios a missão foi muito difícil. De 28 missionários só 15 conseguiram aclimatar-se até 1904. A missão contava com 25 a 30 centros missionários e cerca de 2500 cristãos além de 3500 catecúmenos contando com 20 missionários(14 sacerdotes, 1 irmão e 5 freiras), 6 morreram e 6 tiveram de voltar para a Europa. Em 1908 a missão do Congo torna-se vicariato e Pe. Grison é ordenado bispo. Morre em 1942 com 81 anos. Nessa data já 52 missionários tinham dado a vida pela causa missionária. Junto à Igreja da missão em São Gabriel se encontra o túmulo de D. Grison. Para dar proteção ao túmulo foi construída uma cerca de estacas. De uma delas brotou uma árvore que hoje cobre o tumulo com sua sombra. O que isto pode ter de simbólico não cabe a nós refletir aqui.

Pe. Dehon nunca conseguiu ser missionário pessoalmente, embora o desejasse. Porém ele foi um homem que em espírito sempre esteve preocupado com esta causa. Se fala que quando tinha apenas 3 membros na congregação, já tencionava enviar um para cada continente. De fato somos uma congregação missionária. Hoje estamos em muitas partes do mundo. No momento estamos até preparando padres para os países de regime comunistas, como o Vietnam, China e outros. Hoje mais do que nunca o nome de Cristo precisa ser anunciado a todos os povos e cantos do planeta. “Para mim anunciar o Evangelho não é título de glória mas obrigação que se me impõe. Ai de mim se eun não anunciar”(1 Cor 9, 16). O Doc. Da Conferência de Aparecida nos orienta a sermos discípulos e missionários, não apenas a nível de América latina, mas a nível de mundo. Solidarizar-se com os nossos confrades brasileiros que estão nas missões, acompanhar o seu trabalho, rezar por eles, é o mínimo que podemos fazer.

Como deve ser reconfortante para um missionário que está a milhares de quilômetros de sua terra natal ele sentir que não está sozinho desempenhando o seu trabalho, mas ele o faz como um representante de toda uma congregação que sintoniza com ele.

Neste ano a Comissão Missionária continuará incentivando e estimulando o espírito missionário em nossas casas de formação. Ano passado tínhamos enviado uma carta lembrando da necessidade melhorar o espírito missionário que é ainda muito tímido em nossas casas de formação, de despertar na juventude na sua natural generosidade. Lembrávamos que, conforme reafirmou a VII Conferência Geral de Varsóvia, “o serviço da missão é constitutivo da nossa Congregação e a nossa resposta ao convite de Cristo” desde as origens. Para tanto precisamos partir para medidas bem concretas como, por exemplo, escolher uma pessoa encarregada da animação missionária, prever atividades ao longo do ano com este objetivo. Foi pedido também que nos enviassem sugestões para a melhoria da animação missionária.

Agradecemos as casas responderam ao questionário. Outras esperamos que o façam ainda este ano. Agradecemos também pelas sugestões vocês puderem também enviar à Comissão Missionária. É tarefa para todos nós dinamizar e espírito missionário de diversas maneiras. Assim mutuamente podemos nos enriquecer colocando em comum tudo o que for relevante.
Para concluir desejo que todos se sintam enviados em missão pelo Cristo Ressuscitado.

Terra Boa, 27 de março de 2008.

Em nome da Comissão de Animação Missionária, ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­

Pe.Antonio Koptski SCJ

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